TOME UMA ATITUDE
O melhor começo é deixar a casa em ordem, pensando no que entra (como podemos reduzir ou aproveitar melhor?) e no que sai dela (como podemos reciclar, reutilizar ou reduzir?). Alerto que como entradas, além do óbvio como água, comida, embalagens e produtos químicos, temos que considerar outros aspectos como a energia e até as pessoas. Do mesmo modo, na sáida é importante prestarmos atenção na energia desperdiçada e no calor, tanto quanto nos produtos não degradáveis, águas, restos de comida e outros dejetos. O princípio de zoneamento, com anéis concêntricos onde o que é mais utilizado ou precisa de mais atenção fica no centro, mesmo quando aplicado em apartamentos, ajuda no melhor aproveitamento da luz e, com um planejamento adequado, permite maior conservação de calor ou, dependendo da região/época, facilita a refrigeração. Coisas simples, como uma mesa perto de uma janela, os objetos mais utilizados disponíveis na peça mais frequentada ou mais de um interruptor para a mesma lâmpada posicionados estrategicamente contribuem para um adequado aproveitamento da energia que entra e até mesmo a diminuição de sua necessidade.
Em junho deste ano começa e vigorar o selo PROCEL para edificações. Isto mesmo, aquele selo que estamos acostumados a ver em geladeiras, lavadoras e outros equipamentos terá uma classificação para as construções, com etiquetas onde A vai significar a melhor nota obtida conforme três aspectos: envoltório, como suas aberturas (iluminação e refrigeração), iluminação (tipo de luminárias, aproveitamento da luz natural, etc.) e condicionamento de ar (selo PROCEL dos aparelhos, métodos alternativos, etc.).
Outro bom exemplo é o uso de plantas para purificar o ar. Cientistas da NASA especificaram o que qualquer jardineiro já sabia: duas plantas de sombra em vasos de 35 a 40 cm podem limpar o ar em um espaço de 10m quadrados. Para ajudar e colando a australiana radicada no Brasil, Lucia Legan (Soluções Sustentáveis, Ed. Mais Calango, 2008), listo algumas plantas recomendadas: Areca palma (Chrysalidocarpus lutescens), Coqueiro-de-vênus (Dracaena fragrans), Lirio-da-paz (Spathiphyllum sp.), Jibóia (Scindapsus aureus), Gérgera (Gerbera jamesonii), Imbé (Philodendron erubescens) e Singônio (Synogonium podophullum).
Mais um princípio importante é a sustentabilidade na alimentação. Cultivar a própria comida, ter uma pequena horta, nem que seja em vasos ou floreiras pode significar a diminuição da ida ao supermercado, sendo que por trás disso está economia de combustível e menos poluição no ar (nossa e do transporte necessário para que o produto chegue até o mercado), menos sacolas plásticas (mas só para quem não leu o post sobre isso, né?!) e menos agrotóxicos na natureza. Até vasos em sacadas ou telhados já servem. Verificar na matriz material/resistência/peso/durabilidade/tipo x terracota/concreto/plástico/madeira/metal/vidro/fibra a combinação que mais convém é um dos passos. Montar bem o solo de um vaso é outro aspecto importante: cascalho no fundo, seguido de solo e areia livre de pragas, húmus e compostos para evitar a compactação e fibras de casca de coco para preservar a umidade.
Segundo Felder Rushing, horticultor e apresentador do programa semanal americano sobre jardinagem The Gestalt Gardener, na rádio pública do Mississipi, "as pessoas tendem a iniciar projetos maiores do que podem concluir". O certo, ele recomenda, é começar de maneira modesta, com um vaso ou dois. "Vá ampliando de acordo com aquilo que lhe for confortável, à medida que seu conhecimento cresce". Depois escolha o vegetal mais adequado, como maçã, frutas cítricas, tomate, beringela, rúcula, pimentão, manjericão, louro, sálvia, tomilho, coentro, orégano, etc, lembrando sempre que cada um tem suas necessidades de água, solo e iluminação (o manjericão, por exemplo, necessita ser aguado constantemente).
Já que falamos nisso, a maneira como esta horta será mantida, isto é, aproveitamento de água e composteiras para adubagem, são os seguintes.ítens do check-list desta empreitada. Sabe aquela água onde cozinhamos as espigas de milho? Ou aquela que usamos para fazer umas cenourinhas no bafo? São ideais para regar nosso canteiro. Composteiras feitas num balde plástico de 40l com tampa e com uns 15 furos na base para uma bandeja onde a água em excesso vai escorrer (já aproveitamos esta água para regar as plantas), com camadas de intercaladas (de baixo para cima) de material seco (palhas, folhas secas, cascas de coco e até papel não brilhoso e sem tinta colorida) e material úmido (restos de cozinha), permeadas por um pouco de terra (retirada da base de uma árvore saudável), geralmente são suficientes para abastecer os vasos com os nutrientes necessários, além de permitir um melhor aproveitamento do que entra com menor quantidade do que sai (oba! voltamos pro primeiro parágrafo deste item!). Após encher um balde começamos o segundo e quanto este estiver cheio, provavelmente o primeiro estará pronto para ser usado (e assim sucessivamente).
Ao plantarmos o que consumimos e ao utilizarmos os restos deste consumo para adubar/regar o que plantamos estamos realizando na prática o ciclo da economia de materias com a menor pegada ecológica possível (desculpem, já estou entrando no assunto do próximo post novamente...)
MAIS DO MESMO
Felder Rushing - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3676947-EI238,00.html
Greenpeace, arroz trangênico - http://www.greenpeace.org/brasil/transgenicos/noticias/ctnbio-adia-vota-o-de-arroz-d
Pegada Ecológica, teste a sua - http://www.pegadaecologica.org.br/
Permacultura no Brasil - http://www.permacultura.org.br
Loja Verde, para compra do livro da Lucia Legan - http://loja.tray.com.br/loja/loja.php?loja=105206